segunda-feira, 20 de julho de 2009

A mediocridade no dia-a-dia: salas de espera



Sempre me sinto uma criatura mediana e burocrática quando tenho que ficar horas encarando um bebedouro carrancudo em uma sala de espera enquanto leio uma revista Veja que me deixa a par dos maiores escandalos de 2004.Lá no teto tem uma televisão (mal) sintonizada na tv globinho, mas claro que não dá para ouvir nada além de uma mãe reclamando com o filho de 3 anos que não consegue nem manter sua sandalha no pé de tanto se mexer e ainda não aprendeu a pegar sua revista velha e forjar interesse para evitar os olhares de outras pessoas.Os telefones tocam, pessoas pegam água.Pessoas apertam botões.Ouve-se um barulho horrível e a porta se abre logo após.Já parei de ler sobre a guerra do Iraque, achei uma tabela cheia de números legais para me distrair.Ainda bem que nesse escritório tinha Veja, podia ter só Claudia, aí eu seria obrigado a aprender 10 truques para satisfazer o meu marido na cama.


As vezes penso que essas salas de espera são efeitos colaterais de uma tentativa de organização do homem.Cria-se tédio e angústia temperada pelos ponteiros do relógio que olha do canto para todos na sala como se fosse Jesus Cristo.


Hoje passei por uma sala de espera.A primeira tinha telefones incessáveis.As atendentes não deixavam por menos e sempre perguntam se a pessoa do outro lado gostaria de marcar uma consulta-como se alguém já tivesse ligado para marcar um encontro com a clínica.Mas em compensação essa clínica tinha uma máquina de café, mas como nada é perfeito a máquina não tinha adição de açúcar.Quase dormi olhando para uma parede que se achava muito moderna e descolada, pintada de uma cor diferente e com uma janela fina e estranha, até que a doutora gritou meu nome ao ar, como se a velhinha que era a unica pessoa próxima se chamasse Gianluca.


-Por Gian

Um comentário:

  1. texto brilhante, li pela primeira vez a um ano e meio e ainda continua foda

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